Para alguns críticos sociais, o casamento é uma instituição falida, hipócrita, restritiva e destrutiva, que só pode ser mantida por falsidade e fraude. Eu discordo!
Questões da atualidade: Casar ou não casar? Divorciar ou não divorciar?
Apesar da maioria das pessoas se casarem com grande entusiasmo e acreditando que essa união será “para todo o sempre”, em todos os países onde as leis não dificultam o divórcio, muitos casamentos são dissolvidos.
Os números assustam: enquanto a quantidade de casamentos diminui (entre 2016 e 2017, caiu 2,3%), a taxa de casais que optam pelo divórcio aumenta consideravelmente (8,3% nesse mesmo período). De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a proporção é de três casamentos para cada divórcio.
Muitos casamentos se mantem apenas por considerações puramente materialista. Um colega meu disse uma vez que “separação é para ricos”, porque separar-se gera baixas materiais muito consideráveis (dois alugueis, duas assinaturas de TV e internet etc.), que nem todos conseguem arcar. Independente do poder aquisitivo do casal, o divórcio usualmente implica num declínio no padrão de vida para ambos e para os filhos. A mesma renda, depois do divórcio, deve sustentar duas casas.
Outros casamentos se mantem por causa dos filhos, mesmo quando a relação do casal está completamente deteriorada. Isso tem mudado, ter filhos, cada vez menos, têm sido um impedimento para que os casais se separem. Prova disso, é o aumento significativo de divórcios judiciais com sentença de guarda compartilhada.
Outro fator que muitas vezes mantem os conjugues unidos é o medo da solidão e o receio de não se sentirem aptos para encontrar novos parceiros.
Mas relacionamentos são dissolvidos nas mais variadas fases do casamento e muitas vezes nos surpreendemos com o comunicado de divórcio daquele casal amigo que considerávamos muito bem resolvidos e felizes.
Mesmo com o aumento crescente da taxa de divórcio, a maioria das pessoas o sente como um fracasso, elas tinham a intenção de permanecer juntas até que a morte os separasse.
Adolf Guggenbuhl-Craig, renomado terapeuta de casal, defende que todos esses divórcios não seriam tão negativos se pudéssemos perceber alegria e felicidade genuína entre os não divorciados.
Ele diz que muitas pessoas casadas só conseguem manter a família unida com muita dificuldade, negando a si mesmo tudo que lhes é precioso. Mulheres e homens muitas vezes sacrificam suas reivindicações pessoais, culturais e profissionais em nome da profissão e do conforto do cônjuge; ou um dos parceiros se torna subserviente, não podendo expressar suas próprias opiniões na presença do outro. É comum encontrarmos pessoas casadas que, longe do seu cônjuge, apresentam-se felizes e cheias de vida, mas que, quando o parceiro está presente, tornam-se fechadas, apáticas, sem vivacidade alguma.
Encontro no mundo, a partir de experiências pessoais e profissionais, casamentos hipócritas, mas também casamentos reais (e não idealizados) em que os parceiros se criam, se constroem e se reinventam constantemente como indivíduos e como casal, desenvolvendo uma relação genuína, com ganhos, conquistas e aprendizados profundos e sadios.
A vida de casal é, sem duvida alguma, desafiadora, como assim o é a de solteiro ou divorciado. Mas podemos encontrar, entre as angustias, medos, conflitos e dores; as alegrias, a felicidade genuína e o sentindo de vida entre os casados (e entre os não casados também!).
Mas a questão está no como e em que grau essas questões afetivas afetam você e como você tem, ou não, conseguido lidar com esses desafios. A partir de um olhar cuidadoso, sem julgamento e individualizado, o psicologo pode auxiliar você, individualmente ou enquanto casal (se você se encontra num relacionamento afetivo), a responder as questões: Casar ou não casar? Divorciar ou não divorciar? O processo de autoconhecimento, facilitado pela psicoterapia, auxilia o indivíduo a construir e a percorrer um novo caminho, uma nova forma de se relacionar ou ficar só, promovendo uma vida mais verdadeira e saudável.
*Por “casamento”/“relacionamento conjugal”, estou chamando todo e qualquer relacionamento afetivo entre duas (ou mais) pessoas que escolhem conviver juntas, compartilhando a vida, como companheiras de jornada. E isso independe de registro civil, celebração/benção religiosa ou moradia em conjunto.