Como é o trabalho do Psicólogo Junguiano

Na individuação busca-se o todo, integrar as várias partes de si. Esse desenvolvimento sempre começa com o confronto moral do indivíduo/ego com as características que ele não aceita sobre si mesmo, características que o individuo não quer que chegue a sua consciência (sombra).

Então, desenvolver a consciência leva à individuação. É esse o trabalho do psicólogo junguiano. Entendendo que estar consciente de algo é a somatória da emoção, da vivência e do conhecimento intelectual, e não apenas deste último.

Embora a individuação seja uma questão para a segunda metade da vida (metanoia), este processo como um todo já se propõe desde o começo do existir. Na primeira metade temos o ego em desenvolvimento, em formação, se diferenciando do “caos”, da simbiose com o inconsciente. Na segunda metade da vida, o ego deve tomar consciência do Self e buscar se relacionar com este.

O que dá sentido à vida é saber que você viveu sua própria vida, e não necessariamente a felicidade. As dores com significado doem menos, pois sabemos que faz parte do nosso trajeto.

A terapia junguiana busca auxiliar o indivíduo a encontrar seu caminho, que o levará em direção à completude, não à perfeição.

 

A Psicoterapia aliada ao Trabalho Corporal

“Para saber quem ele é, o indivíduo precisa ter consciência daquilo que sente. Deve conhecer a expressão do seu rosto, a sua postura e a forma de movimentar-se. Sem esta consciência de sensações e atitudes corporais a pessoa torna-se dividida: um espírito desencarnado e um corpo sem alma” (Alexander Lowen).

 Ao tocar o corpo podemos tocar as emoções, as lembranças, os sonhos… e, então, desfazer os nós que impedem o nosso viver plenamente.

 Observamos muito pouco nosso corpo e nossas emoções, estamos acostumados a olhar apenas para o que pensamos. Cindimos corpo e mente, o que somos e o que imaginamos ou queremos ser.  Mas psique (mente) e matéria (corpo) são um mesmo fenômeno observado respectivamente do interior e do exterior do indivíduo.

A psicoterapia aliada ao trabalho corporal tem como finalidade voltar a atenção do paciente para o seu corpo, sua respiração e suas emoções, possibilitando o diálogo fluído e saudável entre consciente e inconsciente e, assim, uma maior integração do sujeito como um todo.

Através do trabalho corporal a emoção emana, o choro, a fragilidade e as contradições vêm, mas também a força e a criatividade aparecem, enfim, os conteúdos inconscientes afloram. A partir de então é função da psicoterapia dar nomes e contorno para o que aflora, é preciso acolher os conteúdos provenientes do inconsciente ajudando o indivíduo a dar uma direção “positiva” a estes.

Trabalho Corporal X Massagens e Exercícios Físicos

Este Trabalho Corporal difere de uma massagem e de exercícios físicos que visam a autoconsciência corporal porque propõe ao indivíduo, além da observação do próprio corpo, a experimentação e a descoberta deste, de suas emoções e de sua personalidade, bem como a integração consciente-inconsciente. Este trabalho olha o corpo não só como corpo físico, mas também como simbólico e abstrato.

Busca integrar o que está sendo deixado de lado pela consciência e que, por isso, pode estar comprometendo o desenrolar da vida do paciente; ao mesmo tempo em que traz a possibilidade de incorporar algo novo em nossa forma de estar no mundo, algo que nos falta. Para tanto, junto com os trabalhos corporais, pode-se trabalhar com sonhos, desenhos, colagens e outras dinâmicas que se façam necessárias.

Como é o Trabalho Corporal?

 Existem várias técnicas para se trabalhar com o corpo, uma delas são os denominados “toques sutis” (aqui incluída a Calatonia) que podem ser aplicados em diversas áreas do corpo, em especial nos pés, articulações e coluna vertebral. A estimulação feita suavemente pela pele propaga-se naturalmente através das conexões neurológicas existentes no organismo, atingindo o sistema nervoso no seu todo e possibilitando a integração psicofísica.

Outra técnica (baseada na SE – “experiência somática”) consiste em auxiliar o indivíduo a acessar os registros, no corpo, das sensações e emoções que estão sendo vividas no momento presente.

Auto toque, dança (baseada no “movimento autêntico”), posturas e movimentos também podem se utilizados.

O corpo e a experiência corporal pertencem ao indivíduo, é uma linguagem menos contaminada por expectativas e máscaras, é mais desconhecida e, por isso mesmo, mais genuína e solta.

Para quem a psicoterapia aliada aos trabalhos corporais é indicada?

É indicada para todos os tipos de pessoas. Para alguns ela pode ajudar dando contorno, contenção, limite corporal, “holding”, auxiliando o ego a dar conta de todo um mundo, de toda uma realidade que parece, e às vezes é, ameaçadora.

Para outros este trabalho pode atuar como uma pausa do conturbado mundo externo, repleto de pressões, tensões, estresse. Uma pausa para se observar, para olhar para si sem críticas e julgamentos e, assim, se (re)descobrir. É um espaço de entrega, ao corpo e a si mesmo.

Para outros ainda, os podem aliviar as tensões musculares, enxaqueca, insônia, depressão, ansiedade, compulsões, irritação, estresse, fadiga e problemas respiratórios etc.

Quando a “boca” sente-se incapacitada para falar, o corpo pode e assume seu lugar.