(As palavras do Rabino Nilton Bonder, juntando-se, para mim, às palavras de Jung e do Movimento Autêntico)
Partindo do princípio de “amar ao próximo como a si mesmo”, o Rabino Nilton Bonder chega, em sua palestra, ao “amar as tuas coisas ruins como se fosse você mesmo” como definição de autoestima. Segundo ele, o amor próprio relaciona-se com autoestima, amor (na relação com o outro) e harmonia/autenticidade.
Nas minhas palavras, e interpretação, as palavras do Rabino Nilton Bonder:
A autoestima tem a ver com se aproximar das nossas qualidades positivas, mas também tem a ver com o aceitar e acolher “um lado não tão bacana” que todos temos. Estima não é só amar nossas qualidades, não é só ver e ficar feliz com nossos sucessos, conquistas e realizações. Estima é, sobretudo, aprender a gostar e a conviver com as nossas coisas ruins.
E como amar as coisas ruins em nós, se construímos e nos apegamos a uma imagem positiva e idealizada de nós mesmos? Como nos amar, se ficamos presos nessa imagem, numa lembrança de um dia em que brilhamos externamente. Como abrir espaço para amar o que é feio em nós?
E quando o outro enxerga esse lado ruim em nós? Aí, o odioso em mim se concretiza. Ele sai da periferia de nosso campo visual e aparece no mundo. Para todos, para mim e para o outro. Queremos esconder esse lado ruim, mas também queremos intimidade. E ser íntimo com uma pessoa é mostrar, também, o feio em nós, mostrar nossas vulnerabilidades. Trata-se de um conflito interno.
Quando estamos mal, geralmente buscamos desesperadamente nossos lados positivos, tentando fugir dos nossos lados negativos para, assim, encontrarmos o amor próprio. Mas buscar desesperadamente nossos lados positivos está na contramão do amor próprio, pois não é a minha beleza que me faz gostar de mim. Amor próprio é gostar de si de forma completa, incluindo o seu lado mais odioso.