O Amor e o Poder Distorcido nos Relacionamentos Afetivos
“Onde o amor impera, não há desejo de poder; e onde o poder predomina, há falta de amor. Um é a sombra do outro.” (Jung).
Jung, renomado psicoterapeuta, diz que o oposto do amor não é o ódio, mas o poder. Sim, o poder, mas aqui ele está falando do poder distorcido, do poder que oprime, julga e compete.
Embora os relacionamentos aconteçam em nome do amor, o poder distorcido ainda vem ocupando uma parte central no relacionamento afetivo das pessoas, seja entre casais de namorados, marido e mulher, pais e filhos ou mesmo entre amigos. Às vezes um dos parceiros chega, através da força física, manipulação ou assedio moral, a coibir o outro a tomar decisões ou mesmo emitir suas opiniões. Mesmo em casos mais sutis, valer-se do poder opressivo é uma violência e um desrespeito para com o outro.
Muitas vezes queremos que o outro satisfaça as nossas expectativas e nossas vontades. Nesses casos, o objetivo real da relação não é promover o bem-estar desta (relações conjugais, parentais ou de amizade) e, sim, promover um bem-estar pessoal, a partir do controle e do domínio do outro.
Um número grande de pessoas acredita que é preciso “ter” para ser feliz e olha o outro como um objeto. Para essas pessoas, consciente ou inconscientemente, o passo seguinte é, obviamente, buscar controlar este “objeto”, já que o outro faz parte da sua lista de conquistas. Muitos casais acabam, então, disputando quem tem mais força e poder afim de subjugar seu parceiro e controlá-lo.
Podemos dizer que o contrário de amar é querer controlar o outro; é tirar-lhe a liberdade para que ele não seja mais quem é e não faça mais o que quer. Quanto mais alguém se apodera de outra pessoa mais a impede de ser um legítimo outro. Aqui não temos amor. Essas são relações baseadas no poder distorcido e aquele que fica desprovido de si mesmo, de seu poder pessoal, passa a viver uma “morte em vida”. Ele vira um morto vivo, distante de sua energia vital e longe de suas realizações pessoais. Ele perderá identidade, individualidade e vida, moldando-se a padrões que não são os seus.
Relações em que encontramos o ciúme excessivo em seu cerne são um ótimo e triste exemplo de casos como este e devem ser tratados.
Infelizmente, confundimos muito as relações de poder opressiva com amor, nos colocamos numa posição de domínio que tende sempre a degradar a outra parte. Dessa forma, a relação não se pauta mais na admiração, respeito e no companheirismo. As pessoas envolvidas nesse tipo de relacionamento ficam preocupadas em atacar a autonomia do outro.
É de extrema importância estarmos sempre atentos em como estamos nos relacionando e, caso necessário, a ajuda de um psicoterapeuta é essencial. A psicoterapia individual e a psicoterapia de casal auxiliam as pessoas a trilharem o caminho de uma relação mais saudável e verdadeiramente amorosa.