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Yara Kilsztajn

Psicóloga Junguiana, especialista em Psicoterapia Corporal e Orientação Vocacional/Profissional.

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TRILOGIA – O CURADOR INTERNO E O PROCESSO PSICOTERAPÊUTICO PARTE III: APRENDENDO A SENTIR, A MOVER E A RELACIONAR-SE

“Quanto mais fundo as raízes da árvore entram na terra, mais alto os galhos se colocam em direção ao céu” (Marion Woodman).

Aprender a sentir – entrando em contato com nossos sentimentos

Geralmente as pessoas não sabem como realmente sentir. Elas sabem como pensar. A maioria de nós está quase permanentemente pensando. Querendo ou não, nossas mentes não se calam. Passamos muitas horas da nossa infância, adolescência e juventude sentados em carteiras aprendendo a pensar, a analisar. Depois, já adultos, em nosso trabalho, geralmente somos pagos para, sentados, ficarmos novamente horas e horas a fio pensando e analisando algo. Aprendemos e somos muito estimulados a pensar, mas ninguém nos ensina a sentir, nem nosso corpo, nem nossas emoções.

Então, para a maioria das pessoas, uma das primeiras coisas a ser trabalhada no processo psicoterapêutico é a habilidade sentir: perceber o que sente, como sentir, dar nome ao que sente.

Ao nos abrirmos para o sentir podemos, inevitavelmente, permitir que sentimentos dolorosos aflorem. O desafio neste ponto é permitir que eles emergem sem tentarmos modificá-los, pois assim, e só assim, eles podem ser integrados. Normalmente as pessoas tentam se livrar de sentimentos dolorosos, isso faz com que eles fiquem presos no mesmo lugar, “para sempre”, surgindo vez ou outra de forma extremamente inoportuna e descontrolada (como numa crise de pânico, por exemplo) ou agindo “por baixo da moita” cotidianamente (boicotando nosso desempenho profissional, por exemplo). Um bom vinculo psicoterapêutico com um profissional qualificado auxilia o indivíduo a abrir-se a tais sentimentos dolorosos, encará-los e integrá-los de forma saudável à sua psique.

“A honestidade crua de uma imagem do inconsciente pode nos deixar mudos com lagrimas ou risadas, muitas vezes com os dois, porque a imagem se move naquela linha tênue do absurdo entre a tragédia e a comedia. Se o ego pode assimilar o ponto de vista apresentado pelo inconsciente e ver a si mesmo objetivamente, então ele pode encontrar uma nova perspectiva. Ele pode observar a si mesmo sofrendo, mas ao mesmo tempo, experimentar o sofrimento como dores do parto. O ego que está se relacionando com a alma (pensamento com o lado direito do cérebro, se quiserem) é motivado a refletir as imagens oníricas na pintura, dança, canto. Escultura, escrita, permitindo assim que o processo de cura transforme em energia de vida o que de outra forma seriam imagens mortas” (Marrion Woodman).

As pessoas podem, então, aprender a desviar sua atenção do pensamento analítico para sensações e sentimentos, reconectando-se aos seus corpos e à sua capacidade de sentir prazer e sabedoria. Experiências surpreendentes de alegria e intimidade podem alternar com memórias de emoções dolorosas e “insights” profundos também podem acontecer. Permitindo todas essas experiências, permitindo-se sentir, a nossa capacidade de aceitar e integrar cresce. E uma vez que compreendemos que viver em vulnerabilidade é a nossa maior força, a intimidade conosco, com nossas emoções, sentimentos, desejos, medos e também a nossa intimidade com os outros tornam-se oportunidades maravilhosas para descobrir a nós mesmos e realmente encontrar bons parceiros (amores, amigos, colegas de trabalho etc.). A vida se torna uma aventura.

Aprender a mover – entrando em contato com a nossa energia vital

Para sentir a vida dentro de si, o indivíduo precisa entrar no fluxo da vida. E é muito difícil aprender a viver esse fluxo porque a sociedade vende uma história de que a vida é um “potinho”, que ela não muda. Criamos tensões e couraças para manter a vida parada. Mas couraça não é proteção quando exagerada, neste caso ela é uma armadura que o próprio indivíduo usa para aprisionar a si mesmo e ao outro… para que nada mude.

Mover é criar espaço para o movimento acontecer. E a experiência dá corpo para o indivíduo viver o “não sei”, por que a vida é um eterno “não sei”: a proposta pode ser arriscar-se. É importante que se saiba mover mesmo na dúvida; poder mover na transição, não precisar ficar numa coisa ou na outra. E é importante também aprender a mover-se com obstáculos. Podemos apreender os obstáculos dentro de nós, não precisamos necessariamente tirá-los de cena, podemos nos misturar e nos mover junto com os obstáculos da vida!

Aprendendo a relacionar-se a partir do sentir e do mover

Nas relações pessoais, as pessoas se sentem vulneráveis porque sabem, com suas experiencias passadas (vida intrauterina, infância, juventude etc.), que podem ser rejeitadas e sentirem dor. Diante disto, para nos protegermos, criamos um personagem para “acertarmos no que fazer para a relação dar certo”, ou seja, criamos uma máscara, algo que não somos verdadeiramente. Procuramos por um amor incondicional do lado de fora sem saber como dá-lo a nós mesmos.

Pode parecer extremamente piegas, mas, sim, o amor vem de dentro e só então transborda para fora e, consequentemente, para o outro. Precisamos nos amar, nos aceitar com nossos defeitos e limitações, gostarmos de nós mesmos apesar dos nossos erros e imperfeições. Se isso não ocorrer, ficaremos eternamente “mendigando” por um amor incondicional a um parceiro, ao invés de viver o amor com ele.

Como diz a psicoterapeuta Marrion Woodman, “a menos que o corpo saiba que é amado e que suas respostas são aceitáveis, a psique não tem o lastro de certeza nos instintos de que precisa… o indivíduo empaca porque o ego teme confiar. No momento de entregar-se o ego paralisa-se. A menos que o corpo saiba que existem braços internos amorosos, fortes o suficiente para contê-los, ele continuará recorrendo à própria rigidez no esforço de sobreviver”.

O processo psicoterapêutico é um trabalho de autoconhecimento, de responsabilidade, de presença, de consciência do que se está fazendo, do que se está criando (consigo mesmo, com o outro, com a sociedade). Aprendendo a aceitar quem eu sou, o que eu sinto, aprendendo a dar atenção a si mesmo, aprendendo a não rejeitar certos sentimentos e nem a se agarrar em outros, podemos conectarmos conosco e com os outros, tornando-nos mais integrados.

Desenvolvendo resiliência e entrando em contato com a alegria de viver

O processo psicoterapêutico também promove resiliência ao ajudar o indivíduo a desenvolver um olhar para os recursos internos (como uma personalidade assertiva, acolhedora ou empreendedora) e externos (como um amigo ou chefe que possam auxilia-lo em alguma tarefa ou desafio) que possui; e não apenas para os traumas daquilo que foi ou é vivido por ele.

É importante olharmos e valorizarmos o que é belo, alegre e cheio de êxtase. Os filósofos existenciais no Ocidente “tropeçaram” muito no aspecto negativo da experiência humana: angústia, depressão, tristeza, desesperança, falta de sentido etc. Não devemos, de forma alguma, negar os aspectos “negativos” que a vida nos traz, mas devemos abrir um espaço imenso dentro de nós, no nosso dia-a-dia para que possamos viver os aspectos “positivos” e gratificantes que nos preenchem e que nos cercam.

* Esse texto faz parte de uma trilogia:

– Parte I: O que é saúde, doença e cura?

– Parte II: Enfrentando o nosso bicho papão

– Parte III: Aprendendo a sentir, a mover e a relacionar-se

* Sugestão de filmes sobre o assunto:

– “Sete Minutos Depois Da Meia Noite” (Netflix)

– “Divertidamente”

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