Em tempos de pandemia e quarentena; de desafios econômicos e de saúde, física e mental; de solidão ou falta de privacidade; de mudanças de concepção de tempo e espaço: como lidar com as emoções, com as relações e com nossos comportamentos e ações?
Se antes o mundo já era imprevisível e extremamente mutável, como lidar agora, quando tudo se faz ainda mais imprevisível, não controlável e “surreal”?
Como lidar com o tempo que às vezes parece não passar, mas que, em outros momentos, ou para outras pessoas, passa velozmente? Como lidar com esse tempo, onde as horas do dia e os dias da semana se confundem? Hoje é sábado ou quarta-feira? Os dias, para alguns, parecem iguais, indiferenciados… e lá se vão quase dois meses.
Como lidar com o espaço? O espaço do lar que, para várias pessoas, é agora casa, trabalho, escola e lazer? Com o espaço das ruas que, vazias ou cheias, encontramos pessoas com máscaras e muitas vezes até parecemos temer olhá-las nos olhos, como se isso fosse um crime? Como entrar ou não entrar numa farmácia ou supermercado?
E como lidar com todas as emoções que brotam desesperadamente e sem controle do nosso peito e estômago? Como lidar com a angustia da solidão; com o medo de morrer ou perder o emprego; com a sensação de abandono e rejeição; com a ansiedade, depressão, sensação de impotência e/ou incapacidade; com a raiva descontrolada, de si mesmo ou do outro; com a tristeza sem fim; com a alegria que surge, mas que traz consigo uma culpa por sentir-se feliz em meio a este caos; com a cobrança e autocritica excessiva? Como lidar com tantas coisas, já conhecidas ou não, que vão surgindo, emergindo e ganhando terreno nesse cenário atual?
Como lidar com as relações pessoais e profissionais? Como lidar com o choque de valores, interesses e prioridades? Como lidar com as diferenças pessoais, nesse momento de convivência intensa e forçada, para muitos, ou de afastamento para outros? No confinamento 24h por dia, 7 dias na semana, casais e familiares se estranham, os incômodos não cabem mais debaixo do tapete: é muita convivência sem espaço para respirar, para “fugir” da situação ou do outro, é muito pó! Não tem como mascarar, como esconder… é preciso limpar!!
Neste momento é importante estarmos estáveis, mas mutáveis. A psicoterapia trabalha para que o indivíduo desenvolva essa estabilidade, um centramento, uma sensação de segurança e confiança interna necessários para o caminhar e o transformar a vida.
A psicoterapia e a psicoterapia de casal oferecem a possibilidade de desenvolvermos um olhar atento para o que nos aflige hoje, para o que somos, como lidamos com nossas emoções, com nossas relações e como nos comportamos frente a elas. A partir desse olhar, promovemos o autoconhecimento necessário para enfrentar os momentos difíceis e as decisões desafiadoras que se fazem necessárias nesse momento tão intenso e novo.
É um momento que, apesar de todo sofrimento envolvido (individual e coletivo), pode ser propício para grandes e importantes mudanças que há muito tempo postergamos ou até mesmo negamos sua necessidade.