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Yara Kilsztajn

Psicóloga Junguiana, especialista em Psicoterapia Corporal e Orientação Vocacional/Profissional.

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Relacionamentos Afetivos: encontros e desencontros das energias Femininas e Masculinas dentro de nós e com nossos Parceiros Amorosos

Há algo extremamente importante no ser humano: a energia feminina, a energia masculina e a interação entre ambas, dentro (mundo psíquico) e fora de nós (nos relacionamentos).

Acredito que o grande oposto na nossa espécie é o masculino e o feminino e a forma de interação entre ambos afeta muito e diretamente nossa forma de ser, nos relacionar e estar no mundo. Ressaltando aqui que estamos falando de energia masculina e feminina, e não necessariamente de gênero (homem e mulher).

Jung falava que todo ser humano tem, dentro de si, o feminino e o masculino. São arquétipos que contêm muita energia psíquica. Ele dizia que o homem identifica o ego com o masculino e o feminino fica em seu inconsciente (anima). E que a mulher identifica o ego com o feminino e o masculino fica em seu inconsciente (animus).

Nos dias atuais há uma grande discussão, controvérsias e inúmeras pesquisas sendo realizadas com relação a questão de gênero e identidade sexual. Não sabemos ao certo como Jung, que viveu e desenvolveu sua teoria no século passado, definiria, hoje, seu conceito de anima e animus. Sinto-me confortável em pensar que cada indivíduo identifica seu ego, seu “eu consciente”, com uma das energias (masculina ou feminina), independente de seu sexo biológico. E a energia oposta fica em seu inconsciente. Podemos constatar que em nossa sociedade, por motivos biológicos, culturais e/ou espirituais, a maioria dos homens identifica seu ego com a energia masculina e a mulher com a energia feminina. E nos cabe, como profissionais e cidadãos observar o desenrolar das mudanças, ou não, nesse campo.

Partindo desse ponto de vista pessoal (mas também compartilhado com alguns psicólogos junguianos), volto ao campo da teoria junguiana que nos diz que cabe ao indivíduo integrar o masculino e o feminino dentro de nós (e, consequentemente, fora também). Esse é um dos principais e mais difíceis desafios do ser humano!

Só quando “elaboramos” a energia que está inconsciente em nós (feminina/anima ou masculina/animus) é que começamos a nos aproximar do Self[1] – vivência da totalidade. São esses arquétipos que fazem o indivíduo entrar em contato com o mundo interno, buscar o complementar e unir os opostos.

Importante deixar claro aqui quais são as características do feminino e do masculino. O feminino (Yin; segundo a doutrina do Tao) está relacionado com natureza, instinto, emoções, união, relacionamento, contato, fusão, Eros; gestante, receptivo, doação, contenção, apoio; materno doador, materno devorador.

E o masculino (Yang) está relacionado com discernimento, espírito, ordem, abstração, impulso para ação, agressivo, fálico, combativo, desafiador; reflexão, consciência, discriminação, cognição, disciplina, lei, abstração, logos.

Para simplificar o entendimento dessas energias e nos atermos aos conceitos de Jung, descreveremos estes conceitos considerando que o homem identifica seu ego com a energia masculina e a mulher com a energia feminina. E, ao falarmos de mulheres, homens e parceiros afetivos, estaremos também seguindo a “fala” de Jung.

Anima/Energia Feminina Inconsciente

Componente feminino no homem, imagem que o homem tem da mulher.

A anima facilita as relações do ego com o inconsciente, é como uma ponte. Ela irá levar o homem ao subjetivo (humor, sensibilidade) e ao relacionamento com outras pessoas (um relacionamento caloroso e com significado).

A “tarefa” do homem no seu processo de individuação (de desenvolvimento pessoal) é, em se falando do feminino inconsciente, buscar o que ele está sentindo e expressar este sentimento. Um homem que não se relaciona com sua anima, não reconhece e não respeita o feminino em si, na vida e nas mulheres.

Quando a anima é negada, rejeitada ou ignorada, ela se volta contra o homem e mostra o seu lado “negativo”. Neste caso, ele fica possuído pela anima, apresentando tristeza, mau humor, ressentimento, extrema sensibilidade, deixa de ser objetivo, fica impertinente e rabujento, indisponível para o relacionamento e pode desenvolver depressão profunda e dependência alcoólica.

Animus/Energia Masculina Inconsciente

Componente masculino na mulher, imagem que a mulher tem do homem.

O animus é um guia para a mulher, ele aponta o caminho para o desenvolvimento, faz coisas que depois ela terá que fazer por si mesma. Irá trazer à mulher o poder da discriminação e da compreensão, o foco à consciência, a objetividade. Ao integrar seu animus, a mulher passa a ter uma objetividade acerca da subjetividade. Através da qualidade do animus, ela pode dar voz a seus sentimentos, validá-los e colocar limites quando necessário.

A “tarefa” da mulher no seu processo de individuação é, em se falando do masculino inconsciente, buscar desenvolver seu lado intelectual, espiritual e objetivo.

Quando não se relaciona com seu animus, a mulher fica possuída por ele e ele age como um demônio, destruindo os relacionamentos pessoais e seus valores amorosos: ele destrói o outro ou o intimo da mulher (depressão, vida sem colorido). Ele rouba a criatividade da mulher, afasta-a do seu modo de pensar e sentir, é o demônio do dever, o inquisidor. Podemos observar aqui julgamentos, generalizações, afirmações criticas, regras fixas e externas (retiradas de figuras de autoridade), sem conexão com os reais valores e sentimentos da mulher.  Ela passa a justificar, então, uma emoção de forma distorcida e usa regras fixas para se justificar e agredir o outro. Acha certo obrigar o outro a atender sua vontade porque sua vontade é pautada em uma lei.

Relacionamentos Afetivos – encontros e desencontros

Geralmente a anima e o animus não são reconhecidos por nós, estão inconscientes, não sabemos que fazem parte de nós. Então, acabam sendo projetados no outro. A partir da projeção, podemos recolocá-los, até certo ponto, dentro de nós, integrando parte deles em nossa consciência. Muitas vezes essas projeções recaem no parceiro amoroso e a realidade humana do parceiro amoroso fica obscurecida pela imagem projetada (nossos relacionamentos são afetados pelas projeções).

Antes de elaborar o animus/anima, o individuo deve elaborar seu complexo paterno/materno. Se aqueles estão muito contaminados por estes complexos, o individuo busca um parceiro tal qual seu pai/mãe ou o oposto destes.

Numa paixão, geralmente o homem projeta sua anima na parceira e, por isso, sente que basta estar com ela e dar-lhe amor para que se sinta realizado (eternamente!). A parceira ganha força e fica lisonjeada, mas depois começa a se sentir sufocada e o homem começa a se ressentir quando ela faz qualquer movimento para desenvolver sua personalidade individual de maneira que supere a projeção de sua anima. O homem não vê como sua parceira é, mas como deseja que seja. Deseja-a para satisfazê-lo e para que continue a viver para ele sua própria imagem feminina (sua anima). Depois dessa indiscriminação o esperado e desejado é vir uma posição polarizada: o que é meu (anima) versus o que é dela; o que gosto nela versus o que não gosto etc. Assim, a anima vai sendo retirada daquela mulher e integrada no individuo.

De forma semelhante, a mulher apaixonada, projeta seu animus em seu parceiro amoroso – vê seu parceiro como um salvador, um herói, um guia espiritual. Neste movimento ela acaba por deslocar sua chama criativa para o homem, perdendo-a. Deve, então, como o homem, retirar a projeção de seu animus do parceiro e integrá-lo em sua psique.

A psicoterapia junguina trabalha profundamente essas energias favorecendo, a partir da discriminação e concomitante integração dessas, o autoconhecimento, o equilíbrio emocional e um relacionamento afetivo saudável entre os indivíduos. Relacionar-se é um aprendizado constante, repleto de desafios e prazeres!

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[1] Definição de Self: É o centro do todo e é o todo. Organiza a personalidade total, a psique do indivíduo. Não deixa nada de fora, visa a totalidade. Soma do inconsciente com o consciente.

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