Como Lidar com as Dificuldades Conjugais

dificuldades-conjugais

Se a convivência entre dois irmãos criados pela mesma família, com a mesma educação, com os mesmos hábitos e com a mesma cultura pode ser algo conflitante, o que acontece quando reunimos duas personalidades com histórias de vida, hábitos, educação e cultura diferentes?

De forma geral, assim é composto o casamento: pela diversidade. Mesmo aqueles que possuem a mesma classe social, etnia, religião, ideologias etc. podem divergir em vários aspectos que permeiam a vida.

Podemos afirmar que a maioria dos casamentos entra em crise quando um casal não consegue chegar a um consenso sobre as decisões que precisam ser tomadas ou por não saberem lidar com percepções de mundos diferentes.

Porém, se pensarmos que a visão diferente de mundo que cada pessoa tem é motivo suficiente para não criar laços ou até mesmo para rompê-los, será impossível conviver em sociedade e estabelecer relações.

Neste artigo, apresento para você um caminho que pode ser percorrido também pelo seu parceiro para que juntos vocês consigam lidar com as dificuldades do relacionamento.

Conheça a si mesmo

Em situações conflituosas, geralmente perdemos a noção de quem somos e agimos de acordo com a situação. Num relacionamento como um casamento ou união estável, é fundamental saber quem você é, a sua essência, e não renunciar a isso, para que você não atinja o auge da sua angústia e intolerância.

Cada um pode ter um modo de se encontrar e de se conhecer: seja iniciando um curso ou hobby, escrevendo sobre o que sente ou, claro, fazendo terapia, entre várias outras opções.

Conheça o seu par

Comumente é dito que “ninguém conhece ninguém”, mas isso não é uma verdade absoluta. Quando menciono que você precisa conhecer o seu parceiro ou a sua parceira, estou afirmando que você pode saber, ou buscar saber aquilo que o irrita, que o deixa feliz, que incomoda, que dá prazer e quais são os hábitos e necessidades dele.Por que não considerar as informações adquiridas no tempo de convivência para tentar ter uma relação mais saudável? Dá para evitar o que pode ser motivo de uma briga? Por que não fazer o que pode deixar a outra pessoa feliz?

Escute antes de julgar

Em qualquer relação, escutar é algo fundamental para entender e evitar conflitos. A escuta com atenção evita brigas, mal-entendidos e reações desnecessárias.

Escutar não é somente ouvir o que seu par está falando, mas também ouvir os questionamentos que surgem na sua mente e que você não sabe a resposta. Se a resposta das suas dúvidas envolve a sua relação, pergunte! Escute antes de criar um julgamento de situações em que você é apenas uma parte do todo.

Dar espaço apenas para as conclusões que você chega sozinho, sem conversar, pode apenas dar espaço para o desespero e para conflitos internos. Nesse caso você exclui o outro da relação, impossibilitando que vocês construam ou reestruturem juntos seus vínculos afetivos como um casal.

E, lembre-se, escutar também não é apenas ouvir o que o outro está dizendo para você poder se defender melhor do que, geralmente, considera acusações contra você.

Divirtam-se juntos

Acordar, fazer café, preparar o almoço, cuidar da casa, sair para trabalhar, pegar engarrafamento e todas as outras coisas que fazem parte da rotina podem ser atividades compartilhadas de forma gostosa e enriquecedora, ou podem se tornar desgastantes para a relação. Se a segunda opção é a mais frequente, é importante que o casal ultrapasse o estresse do dia a dia. Aqui, uma sugestão é que vocês façam programas diferentes, buscando divertirem-se juntos.

O que o casal gosta de fazer? Se um prefere praia e o outo cinema, vocês podem estabelecer quem escolhe a programação da semana ou podem encontrar algo que agrade aos dois. Experimentem fazer algo novo! Qual foi a última vez que vocês fizeram algo diferente juntos? Inove!

Troca de carinhos e vida sexual

No início do relacionamento são comuns abraços, beijos e carinhos, porém, depois de um tempo de convivência, em alguns relacionamentos, a demonstração de afeto se torna a última das coisas que acontece entre o casal.

Por que isso acontece?

O declínio da paixão inicial, a rotina desgastante e as frustrações frente ao ser amado (que em algum momento descobrimos não ser aquele ser humano que idealizávamos) podem ser os principais motivos. As brigas começam e, muitas vezes, ocorre o afastamento dos corpos. Então, o que sugiro para o casal é tentar não perder o lado bom da intimidade: se sentir amado pelo toque.

Para maioria das pessoas o toque é fundamental num relacionamento e a psicoterapia (individual ou de casal) ajuda os parceiros a redescobrirem a possibilidade e a delícia do afeto tátil (sensual, sexual e de “aconchego”), mesmo quando tudo parece perdido.

A melhor amiga do casal: a terapia

Todas as dicas citadas anteriormente são fundamentais para enfrentar as dificuldades, mas não se pode deixar de considerar a ajuda que alguém especializado em relações humanas pode dar.

Desabafar com amigos, familiares ou colegas de trabalho sobre os problemas que você passa na sua relação pode levar a um alívio momentâneo, ajudar a elaborar uma questão ou, em outras situações pode deixa-lo mais confuso, angustiado e excessivamente exposto.

Para uma melhor e mais profunda compreensão do que está acontecendo na relação, o mais indicado é buscar uma psicoterapia, pois o psicólogo é capaz de ajudá-lo a fazer uma reflexão ampla de quem você é, de quem é o seu parceiro, de quem vocês são juntos e dos fatores inconscientes que estão influenciando a relação.

O terapeuta é alguém que escuta sem julgamentos e está ali com um único propósito: encontrar, junto com o casal, o que está adoecendo a relação e como lidar com esta.

Com o auxílio desse profissional, caberá a vocês dar pequenos passos para alcançar uma relação equilibrada e feliz, conseguindo enfrentar de forma satisfatória as dificuldades da vida a dois.

Burnout, a vida em curto-circuito

burnout-blog

É comum vermos homens e mulheres que se dedicam mais ao trabalho do que à vida pessoal. O que não deve ser considerado grave, se esta escolha foi feita de forma consciente e se não acarretar problemas para o emocional, para o físico e para o mental.

Porém, há um grupo de pessoas que trabalham com tanta intensidade que alguns sintomas indesejados começam a aparecer impedindo que atividades simples sejam executadas. Muitas vezes, esses sintomas podem indicar um diagnóstico para a síndrome do esgotamento profissional, mais conhecida como a Síndrome de Burnout.

Difícil de ser identificada, muitas pessoas buscam respostas em vários profissionais da saúde, mas acabam não tendo um diagnóstico fechado. Com isso, elas ficam meses (ou anos) sem solução para um problema que atrapalha muito o seu dia a dia.

Para entender um pouco mais sobre esta doença adquirida na rotina desgastante do trabalho, continue a leitura deste artigo, onde apresento mais detalhes sobre o tema.

Para começar: O que é Burnout?

O Ministério da Saúde define a Síndrome de Burnout como um distúrbio emocional. O principal motivo para o seu desenvolvimento são as situações de trabalho desgastantes em que o profissional se depara diariamente: pressão excessiva, competitividade e alta responsabilidade.

As pessoas que sofrem com essa Síndrome costumam relacionar-se negativamente com o seu desempenho profissional, criando uma avaliação negativa de si mesmo. É comum, nos casos de Burnout, que a autoestima do indivíduo esteja estritamente ligada a percepção que ele tem de sua capacidade de realização e sucesso no trabalho.

Quando a satisfação e o sucesso profissional não são alcançados e quando seu desempenho não é reconhecido, seu desejo de conquista e reconhecimento transformam-se em obstinação e compulsão. A partir de então, o indivíduo passa a não perceber e respeitar seus limites físicos e psíquicos, gerando fadiga, ansiedade, exaustão, confusão mental, sofrimento psíquico, baixa autoestima, nervosismo e diversos problemas físicos (como dores de cabeça, insônia, tensão muscular etc.).

Em casos avançados dessa síndrome, o indivíduo pode chegar a ter um
colapso físico e mental, “queimar por completo” e, em alguns casos, cometer suicídio ou ter morte não intencional.

Workaholic e Burnout: saiba diferenciá-las

É possível afirmar que o workaholic pode desenvolver a Síndrome de Burnout, mas que nem todos que a desenvolvem são workaholic.

Para entender melhor a relação, apresento a definição de workaholic como a de alguém que sente prazer em desenvolver o seu trabalho, mesmo que seja necessário renunciar a suas atividades pessoais para isso. Muitas vezes essa dedicação elevada à vida profissional pode trazer prejuízos, mas não necessariamente.

Para os que possuem essa característica, é uma escolha se dedicar às atividades profissionais e eles se sentem motivados para fazê-las.

Qual a relação do nosso contexto econômico-social e a Síndrome de Burnout?

Os processos de trabalho e de produção sofreram grandes mudanças a partir da terceira Revolução Industrial ou Revolução Tecnológica (meados do século XX) e da crise econômica dos anos 1980 e 1990: as estruturas organizacionais e os postos de trabalho ficam mais enxutos, há mais agilidade nos processos, as relações de trabalho tornam-se mais eficazes para atender a demanda de um mundo mais rápido; valoriza-se cada vez mais o desempenho eficiente, a superação, a competitividade e o sucesso.

Nesse contexto social e laboral, observamos um aumento muito significativo de doenças crônicas ligadas ao estresse e ao mundo do trabalho. Entre elas, cujo número de casos vem aumentando de forma galopante nas grandes cidades, temos o Burnout, síndrome do esgotamento profissional, que vem interferindo de forma brutal no trabalho, nas relações pessoais e amorosas e na qualidade de vida dos indivíduos acometidos por esta.

Quais os principais sintomas da Síndrome de Burnout?

O principal sintoma da Burnout é o estresse e aconselha-se prestar atenção nos seguintes sintomas:

  • Cansaço excessivo, físico e mental.
  • Dor de cabeça frequente.
  • Alterações no apetite.
  • Insônia.
  • Dificuldades de concentração.
  • Sentimentos de fracasso e insegurança.
  • Negatividade constante.
  • Sentimentos de derrota e desesperança.
  • Sentimentos de incompetência.
  • Alterações repentinas de humor.
  • Isolamento.
  • Fadiga.
  • Pressão alta.
  • Dores musculares.
  • Problemas gastrointestinais.
  • Alteração nos batimentos cardíacos.

Os sintomas podem variar de pessoa para pessoa e podem se agravar com o passar do tempo. Por isso, se você se identificou até aqui ou se tem alguém próximo que suspeita estar com a Síndrome de Burnout, busque ajuda de um profissional o mais rápido possível. Quanto antes a doença for diagnosticada, mais rápido e mais eficaz pode ser o tratamento.

O que fazer para evitar a Burnout?

O ideal para não se tornar vítima dessa doença é ter uma vida equilibrada, adotando estratégias para reduzir o estresse.

Trabalhar é algo que todos precisam, porém é necessário equilíbrio para viver todos os aspectos da vida e, também, buscar prazer em outras coisas que tragam satisfação, como por exemplo:

  • Fazer atividades com a família e com os amigos;
  • Encontrar uma atividade prazerosa que possa se tornar rotina. Exemplo: fazer academia, correr, pedalar, dançar, cozinhar, pintar, ler, cantar etc.;
  • Celebrar pequenas vitórias, tanto da vida profissional quanto da vida pessoal;
  • Fugir da rotina; Inovar;
  • Se conhecer e se reconhecer diariamente.

Para evitar o estresse que pode levar à Burnout é preciso ter consciência de que existe vida e reconhecimento fora das obrigações profissionais.

Como identificar a Síndrome de Burnout?

Os profissionais adequados para identificar e tratar essa doença são psicólogos e psiquiatras.

Muitos pacientes passam meses ou até mesmo anos até identificar que sofrem com essa doença, porque costumam focar apenas nos sintomas do corpo: indisposição, cansaço, dor de cabeça. Mas, somente com uma análise clínica feita pelos profissionais que cuidam da mente, a Síndrome poderá ser identificada.

Como é feito o tratamento da Síndrome de Burnout?

A Burnout é tratada com psicoterapia, mas também pode ser necessário o tratamento com medicação antidepressiva e/ou ansiolíticos e/ou terapias complementares, como meditações, acupuntura etc.

Na psicoterapia várias questões começam ser abordadas junto ao paciente. Geralmente o indivíduo em colapso mental e físico chega questionando-se sobre o que ele fez de errado. Esta questão deve ser investigada, claro, mas é importante que terapeuta e paciente também se debrucem sobre outras questões, como: “o que eu fiz de certo?”, “quando foi que eu estava mais equilibrado?”, “quando comecei a perceber alguns dos sintomas de Burnout?”, “que coisas que eu fazia ou faço e que me fazem bem?”.

Processos psicoterapêuticos que incluam o trabalho corporal visando a diminuição do estresse, conjuntamente com o trabalho de autoconhecimento, são muito eficazes. Leia sobre Calatonia
– trabalho corporal realizado no processo psicoterapêutico, muito eficaz nos
tratamentos de burnout e estresse.

Para que haja sucesso no tratamento, além das sessões de psicoterapia que serão conduzidas de acordo com a necessidade do paciente, o terapeuta pode recomendar o afastamento do trabalho e, também, a adoção de um novo estilo de vida. Esse novo estilo pode envolver férias, novas atividades (como exercícios físicos) e a aproximação de amigos e de familiares.

É possível perceber melhora nos sintomas após um período de 1 a 3 meses, podendo variar de acordo com o paciente. Se você precisa de mais informações sobre esse assunto, entre em contato comigo.

—-