Podemos considerar que a adolescência é, muitas vezes, o primeiro momento da vida em que questionamos quem somos e qual o sentido da nossa existência. É um período de novos sentimentos, novos contatos e novas percepções: são paixões, mudanças corporais, descobertas de identidade, questões escolares, noção dos problemas familiares, início dos questionamentos mais efetivos sobre a escolha da profissão, situações de bullying etc.
São muitos os desafios e cobranças enfrentados por alguém que não é mais uma criança e ainda não é um adulto. Por estar nesse “não-lugar”, os adolescentes não são tão obedientes como a sociedade espera, mas também não são (nem podem ser) tão responsáveis como os adultos.
A adolescência é também a fase em que o que é dito não é levado a sério. Muitos acreditam que essa é a fase do exagero, do não saber o que está dizendo e classificam até como a fase do famoso mimimi. Mas o grande problema de não considerar o que os adolescentes expõem ou deixam implícito é um mal que tem acometido muitos deles: a depressão.
Depressão e os fatores de risco
A depressão é um problema médico grave e, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), está em 4º lugar entre as principais causas de ônus, o que corresponde a 4,4% dos ônus causados por todas as doenças durante a vida.
Não há como precisar qual o motivo de alguém desenvolver depressão, mas a medicina indica alguns fatores de risco. São eles:
- Estresse;
- Conflitos;
- Disfunção hormonal;
- Consumo de álcool e drogas;
- Histórico familiar.
Os fatores de risco não se encerram na breve lista mencionada acima, porém optei por destacar aqueles que podem estar mais relacionados aos adolescentes.
A depressão na adolescência
Não é trabalho dos pais ou dos familiares diagnosticar um adolescente com depressão. O que os pais devem fazer é buscar ajuda profissional.
Assim como toda e qualquer doença é necessário que o diagnóstico seja feito por um médico. Isso é de grande importância, porque apenas profissionais especializados poderão classificar qual o nível e o tipo (distimia, bipolaridade…) da depressão. A partir do diagnóstico, o profissional recomendará o tratamento mais adequado. Dentre os maiores riscos da depressão, destacamos o suicídio. Por isso, quanto antes o tratamento for iniciado, mais seguro o adolescente pode ficar.
Independentemente do adolescente estar fazendo algum tratamento com medicação, é muito importante que a psicoterapia seja incluída na sua vida. Como citei anteriormente, muitas vezes os familiares não sabem lidar com as questões que surgem e podem, sem intenção, minimizar uma dor imensurável que o adolescente está vivenciando.
Terapia para adolescentes com depressão
Uma pessoa com depressão não precisa desabafar. Ela precisa de terapia. Precisa ser acompanhada por um profissional.
É fundamental lembrar que os adolescentes enfrentam, neste momento do desenvolvimento psíquico, uma grande crise evolutiva: o adolescente é uma pessoa em crise. Desestrutura e reestrutura seu mundo interior e suas relações com o mundo exterior. Do resultado da tolerância a esta crise, e dos mecanismos empregados para superá-la, surgirão formas de relação com seu mundo interior e seu mundo exterior, qualitativamente distintas das relações mantidas anteriormente. A crise é a ruptura de uma forma estabelecida de relação; mas tem seu complemento: ideia de passagem, readaptação, de uma nova forma de ajustamento. Algo morre e algo nasce. Crise relaciona-se com a ideia de desestruturação e reestruturação da personalidade.
Na sessão terapêutica, ele terá a oportunidade de falar sobre as suas dores e sentimentos sabendo que não será julgado, mas escutado. O maior objetivo da terapia junguiana é ajudar o adolescente (paciente) a compreender a sua própria complexidade, a se descobrir e viver a sua real essência.
Deixar de ser criança para se tornar um adulto, num mundo cada vez mais caótico, competitivo, estressante e volátil como o atual, é uma tarefa extremamente difícil para o jovem. Às vezes essa dificuldade se torna insuportável! Se você está vivenciando algo parecido, ou alguém do seu convívio, não hesite em pensar na psicoterapia como solução. Procure tratar desde cedo as questões que o incomodam com um profissional habilitado. Transforme-se compreendendo suas dores, trazendo significado e sentido a sua vida presente e construindo um caminho para uma vida adulta saudável e realizada.
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